Pesquisadores utilizam edição gênica para acabar com populações de mosquitos


By James D. Gathany (The Public Health Image Library , ID#444) [Public domain], via Wikimedia CommonsA equipe testou sua técnica no mosquito Anopheles gambiae, que transmite a malária.

Os pesquisadores usaram a edição gênica para eliminar completamente as populações de mosquitos no laboratório.

Eles alteraram parte de um gene chamado doublesex, que determina se um mosquito individual se desenvolve como macho ou fêmea.

Isso permitiu aos cientistas do Imperial College London que a reprodução nas fêmeas dos mosquitos fosse bloqueada.

Eles querem ver se a tecnologia poderia um dia ser usada para controlar populações de mosquitos na natureza.

Escrevendo na revista Nature Biotechnology, a professora Andrea Crisanti e seus colegas relataram que as populações enjauladas de Anopheles gambiae entraram em colapso dentro de 7 a 11 gerações.

Segundo Crisanti, "2016 marcou a primeira vez em mais de duas décadas que os casos de malária não caíram ano a ano apesar dos enormes esforços e recursos, sugerindo que precisamos de mais ferramentas na luta".

A abordagem utilizada na pesquisa faz uso de tecnologias que disseminam um gene ou conjunto de genes para uma população. Os pesquisadores usaram a técnica de edição de genes conhecida como Crispr para modificar uma parte do gene doublesex que é responsável pelo desenvolvimento feminino.

Os machos que portavam o gene modificado não apresentaram alterações, nem as fêmeas de mosquitos com uma cópia do gene modificado.

No entanto, insetos fêmeas com duas cópias do gene alterado apresentaram características masculinas e femininas, assim eles não picaram e não puseram ovos.

À medida que o gene modificado - que confere infertilidade feminina - se espalhou, as populações de mosquito caíram.

No entanto, tentativas anteriores de usar essa abordagem em mosquitos tiveram problemas: os insetos desenvolveram resistência à modificação genética.

Isso ocorreu porque os genes-alvo desenvolveram mutações naturais que lhes permitiram continuar funcionando, e essas mutações foram passadas para os descendentes.

No entanto, o gene doublesex é altamente "conservado", o que significa que mutações aleatórias são na maior parte letais para o organismo.

Dessa forma, os cientistas conseguiram contornar uma fonte potencial de resistência.

Os pesquisadores agora querem testar a técnica em populações maiores de mosquitos confinados em ambientes mais realistas, onde a competição por alimentos e outros fatores ecológicos podem afetar o resultado.

A cientista Andrea Crisanti comentou: "Ainda há muito trabalho a ser feito, tanto em termos de teste da tecnologia em grandes estudos baseados em laboratório, quanto trabalhando com os países afetados para avaliar a viabilidade de tal intervenção."

"Ainda serão necessários pelo menos de 5 a 10 anos antes de considerarmos testar quaisquer mosquitos com genes modificados na natureza, mas agora temos algumas provas encorajadoras de que estamos no caminho certo."

"As soluções baseadas em edição gênica têm o potencial de um dia acelerar a erradicação da malária, superando as barreiras da logística em países pobres e sem recursos."

A artigo científico foi publicado na revista Nature Biotechnology e pode ser acessado aqui. A matéria original foi publicada no site da BBC.

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