![]() |
Youtube / MARI GIS LAB |
Escondida abaixo da exuberante floresta tropical de Petén, na Guatemala, existe uma cidade antiga que não é tocada por humanos há mais de mil anos, mas em seu auge foi a casa de milhões de mesoamericanos que construíram um império sofisticado e extenso. Agora, pela primeira vez, uma equipe de arqueólogos internacionais descobriu e mapeou dezenas de milhares de estruturas antigas usando tecnologia de detecção à laser aérea (Lidar, na siga em inglês) em mais de 2.100 quilômetros quadrados da planície do país.
![]() |
Youtube / MARI GIS LAB |
A tecnologia Lidar foi aplicada pela primeira vez a essa área em 2009 e se concentrou apenas no entorno imediato de locais individuais. Os arqueólogos descobriram a grande metrópole em fevereiro, segundo a National Geographic, liderados pelo grupo sem fins lucrativos da Guatemala, a Fundação PACUNAM. Publicando seu trabalho na Science mais de seis meses depois, a equipe confirma a presença de mais de 61.000 estruturas antigas, incluindo casas, grandes palácios, centros cerimoniais e pirâmides.
O Lidar perfura o denso dossel da floresta para revelar mudanças na elevação, permitindo que os pesquisadores identifiquem essas características topográficas como paredes, estradas e prédios feitos pelo homem, sem nunca ter que pisar no chão. Com essa informação, eles são capazes de criar mapas tridimensionais em questão de minutos, evitando anos de árduo trabalho de campo.
“Visto como um todo, os terraços e canais de irrigação, reservatórios, fortificações e caminhos revelam uma incrível quantidade de modificações feitas pelos maias em toda a paisagem em uma escala inimaginável,” explicou o membro da equipe, Francisco Estrada-Belli, em um comunicado.
Ao todo, mais de 61 mil estruturas antigas foram contabilizadas na região pesquisada, indicando que a população do local chegou a ter de 7 a 11 milhões de pessoas no auge do período clássico tardio, entre os anos de 650 a 800. Para se ter uma ideia do tamanho da cidade maia, a cidade de Nova York tem atualmente cerca de 8,5 milhões de pessoas. Essas populações da cidade maia estavam distribuídas de forma desigual, com diferentes níveis de urbanização e espalhavam-se por mais de 1.200 quilômetros quadrados. Esta terra foi modificada de alguma forma para a produção agrícola intensiva necessária para suportar a enorme população por centenas de anos.
"Parece claro agora que os antigos maias transformaram sua paisagem em grande escala, a fim de torná-la mais produtiva na agricultura," disse o arqueólogo maia Marcello A. Canuto. "Como resultado, parece provável que esta região fosse muito mais densamente povoada do que tradicionalmente pensávamos."
A equipe internacional também mapeou extensas vias e redes conectando os vários centros urbanos, o que, segundo eles, destaca a interconexão desses diferentes centros urbanos e o quanto seus habitantes estavam dispostos a investir em sistemas defensivos em caso de guerra.
Como em qualquer nova descoberta, os autores concluem que suas descobertas "geram novas perguntas, refinam alvos para trabalho de campo, provocam estudos regionais em paisagens contínuas e promovem a arqueologia maia em uma era ousada de pesquisa e exploração."
Esse artigo foi publicado na revista Science e pode ser lido aqui.
Comentários
Postar um comentário