Cientistas conseguem reverter o envelhecimento em células humanas

Fonte: pixabay.com

A capacidade de reverter o envelhecimento é algo que muitas pessoas esperam viver para ver. Isso ainda está muito distante da realidade, mas um experimento recente conseguiu reverter o envelhecimento de células humanas, o que poderia fornecer a base para futuros medicamentos anti- degeneração.

O envelhecimento pode ser visto como o declínio progressivo da função corporal e está ligado à maioria das doenças crônicas comuns que os seres humanos sofrem, como câncer, diabetes e demência. Existem muitas razões pelas quais nossas células e tecidos param de funcionar, mas um novo foco na biologia do envelhecimento é o acúmulo de células “senescentes” nos tecidos e órgãos.

As células senescentes são células deterioradas mais antigas que não funcionam como deveriam, mas também comprometem a função das células em torno delas. A remoção dessas antigas células disfuncionais mostrou melhorar muitas características do envelhecimento em animais, como por exemplo o atraso no início da catarata.

Ainda não entendemos completamente por que as células se tornam senescentes à medida que envelhecemos, mas danos ao DNA, exposição à inflamação e danos às moléculas protetoras no final dos cromossomos - os telômeros - foram todos sugeridos.

Mais recentemente, foi sugerido que um dos gatilhos da senescência pode ser a perda de nossa capacidade de ativar e desativar genes no momento certo e no lugar certo.

Um gene, muitas mensagens

À medida que envelhecemos, perdemos nossa capacidade de controlar como nossos genes são regulados. Cada célula do corpo contém todas as informações necessárias para a vida, mas nem todos os genes são ativados em todos os tecidos ou sob todas as condições. Essa é uma das maneiras pelas quais uma célula cardíaca é diferente de uma célula renal, apesar de conterem exatamente os mesmos genes.

Quando um gene é ativado por sinais de dentro ou de fora da célula, ele faz uma mensagem molecular (chamada de RNA) que contém toda a informação necessária para fazer o que o gene faz. Agora sabemos que mais de 95% dos nossos genes podem realmente fazer vários tipos diferentes de mensagens, dependendo das necessidades da célula.

Uma boa maneira de pensar sobre isso é considerar cada gene como uma receita. Você pode fazer um bolo de baunilha ou um bolo de chocolate, dependendo se você incluir o chocolate. Nossos genes podem funcionar assim. A decisão sobre qual tipo de mensagem é produzida a qualquer momento é feita por um grupo de cerca de 300 proteínas chamadas “fatores de splicing”.

À medida que envelhecemos, a quantidade de fatores de splicing que podemos fazer diminui. Isso significa que as células envelhecidas são menos capazes de ativar e desativar genes para responder a mudanças em seu ambiente. Os cientistas têm mostrado que os níveis desses importantes reguladores diminuem em amostras de sangue de humanos idosos, e também em células senescentes humanas isoladas de diferentes tipos de tecidos.

Células antigas rejuvenescedoras

Os cientistas têm procurado maneiras de reativar os fatores de splicing. Em um novo trabalho, foi mostrado que, ao tratar células envelhecidas com uma substância química que libera pequenas quantidades de sulfeto de hidrogênio, foi possível aumentar os níveis de alguns fatores de splicing e rejuvenescer células humanas envelhecidas.

O sulfeto de hidrogênio é uma molécula que é encontrada naturalmente em nossos corpos e demonstrou melhorar várias características de doenças relacionadas à idade em animais. Mas pode ser tóxico em grandes quantidades, por isso precisamos encontrar uma maneira de entregá-lo diretamente à parte da célula onde é necessário.

Ao usar um “código postal molecular”, foi possível entregar a molécula diretamente às mitocôndrias, as estruturas que produzem energia nas células, onde acredita-se que ela atua, permitindo o uso de pequenas doses, que são menos propensas a causar efeitos colaterais.

Os cientistas estão esperançosos de que, ao usar ferramentas moleculares como essa, poderão eventualmente remover células senescentes de pessoas vivas, o que pode permitir que ataquem várias doenças relacionadas à idade de uma só vez. Essa descoberta ainda necessita de muito estudo, mas é já apresenta um começo empolgante.

Este artigo foi originalmente publicado no The Conversation. Leia o artigo original.


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