Pesquisadores desenvolvem uma técnica para fazer uma "biópsia" de tumores através do sangue

By Christoph Bock, Max Planck Institute for Informatics [CC BY-SA 3.0  (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)], from Wikimedia Commons


Pesquisadores liderados por Yang W. Shao da Geneseeq Technology Inc., do Canadá deram um passo significativo em direção à personalização do tratamento do câncer.

Usando a técnica do sequenciamento de DNA, eles desenvolveram uma maneira de analisar amostras de sangue em busca de mutações no DNA de tumor circulante. O DNA de tumor circulante, ou ctDNA, se caracteriza por pequenas quantidades de material genético que são liberadas quando as células cancerígenas morrem.

O reservatório genômico contido nas moléculas de ctDNA é representativo de quase todo o tumor transportado por um paciente, fornecendo a base necessária para um perfil genético abrangente. Esse perfil pode ajudar os médicos a selecionar as terapias mais adequadas para um determinado paciente.

As mutações genéticas que impulsionam o desenvolvimento do câncer freqüentemente são diferentes entre diferentes indivíduos. Tratamentos que correspondem a um perfil genético único de um paciente oferecem uma grande promessa de sucesso na cura do câncer. Mas a obtenção de tecido tumoral para testes genéticos pode ser invasiva, arriscada e, às vezes, impossível. Para contornar essas limitações, os pesquisadores estabeleceram uma maneira de extrair as sequências provenientes do ctDNA, que circula no sangue do paciente.

O método, que utiliza o sequenciamento direcionado e simultâneo de um painel de 382 genes relevantes para o câncer, é mais rápido e econômico do que a análise tradicional de um único gene. A equipe usou essa abordagem para avaliar 605 pacientes com 29 tipos diferentes de tumores sólidos. Os pacientes foram divididos em dois grupos.

No primeiro grupo, os pesquisadores compararam perfis de mutação entre ctDNA e amostras de tumor coletadas do mesmo paciente. Aproximadamente 80% dos pacientes apresentaram anormalidades no ctDNA e quase 75% das anormalidades correspondiam às encontradas nos tecidos tumorais.

No segundo grupo, a equipe testou apenas o ctDNA. Os dois grupos mostraram tipos similares de mutações, sugerindo que o ctDNA é uma alternativa viável para o perfil genético.

Clique no link para assistir um vídeo publicado pela revista Scientific Reports.

Ainda mais encorajador, entre todos os pacientes, 71% das amostras de ctDNA continham pelo menos uma mutação clínica e 66% delas poderiam ser alvo de drogas já aprovadas ou atualmente em testes clínicos.

Estes achados indicam que testes sanguíneos simples podem ajudar a orientar o tratamento personalizado do câncer. Devido à natureza não invasiva do teste, ele também pode ser facilmente repetido, podendo permitir que os médicos monitorem melhor a progressão da doença, potencialmente levando os pacientes aos cuidados de que precisam de forma mais rápida e eficiente.

A pesquisa original foi publicana no jornal Scientific Reports.

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